sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Florestas plantadas rumo à sustentabilidade

Setor investe em áreas degradadas recuperando margens de rios e nascentes de acordo com legislação ambiental
Juliana Royo e Kamila Pitombeira
17/02/2012

O setor de florestas plantadas, hoje no Brasil, se encontra em amplo crescimento. É importante dizer que essas florestas são introduzidas em áreas de degradação ambiental, o que acaba recuperando essas áreas e está dentro do conceito de sustentabilidade. Para entender melhor como funciona esse setor, o Portal Dia de Campo realizou uma entrevista exclusiva com César Reis, diretor executivo da Abraf (Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas). Essa entrevista você pode acompanhar a seguir.

Portal Dia de Campo – Qual é a diferença entre a floresta plantada e a floresta nativa?


Reis – A floresta plantada, ou seja, cultivada no Brasil abrange dois tipos principais em termos de área. São as florestas plantadas com as diversas espécies do gênero eucalipto e as diversas espécies do gênero pinus. Elas ocupam hoje uma área de mais de 6 milhões de hectares e são culturas anuais. Elas são preferencialmente plantadas em áreas degradadas, visando recuperar essas áreas.

Portal Dia de Campo – Nesse caso, os produtores de floresta não derrubam árvores para a produção de madeira, mas sim usam áreas agrícolas e áreas degradadas?


Reis – Exatamente. Ao recuperar uma área degradada, como são empreendimentos licenciados e certificados, aquele espaço degradado vai ter recuperada sua área de preservação permanente, como margens de rios, encostas e nascentes. Da mesma forma, as áreas de reserva legal também são recuperadas mediante o plantio de nativas. Portanto, as florestas plantadas são sustentáveis e feitas de acordo com a legislação ambiental.

Portal Dia de Campo – Para que a população saiba qual a origem dessa madeira plantada, existe uma certificação padrão?

Reis – A maior parte das florestas plantadas no Brasil já é certificada. Para isso, há dois critérios fundamentais. Um deles é o Cerflor, a certificação florestal brasileira, que adota os critérios do PFC. O outro critério é o FFC.

Portal Dia de Campo – Quais são as principais regiões produtoras do país e onde o senhor acha que existe um potencial produtivo ainda não explorado?

Reis – Tradicionalmente, as florestas plantadas de eucalipto e de pinus surgiram no Sul e Sudeste. Hoje, já existem pólos de grande expansão, como o Mato Grosso do Sul. Há ainda os Estados da Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins. Portanto, essa atividade está em expansão.

Portal Dia de Campo – O tempo para uma floresta começar a ser produtiva é de 7 anos no caso do eucalipto e de 10 anos no caso do pinus, em média. Em quanto varia essa produtividade média, ou seja, quanto o produtor pode esperar de retorno?

Reis – As empresas nacionais desenvolveram experimentos, seleção genética, cruzamentos, clonagens e hibridação. Com isso, o Brasil é hoje campeão de produtividade de eucalipto. A medição da produtividade de árvores é dada pelo índice chamado IMA (Incremento Médio Anual), dado em metro cúbico de madeira por hectare ao ano. No caso do eucalipto, há anos atrás, a produtividade era de 15m³/ha ao ano. Hoje, a maior parte das florestas produtivas iniciadas já atinge valores acima de 40m³/ha. Para isso, as mudas devem ser produtivas, além de contar com certificado de origem.

Portal Dia de Campo – Qual é a previsão para o setor na próxima década? 

Reis – O setor está em crescimento, apesar desse crescimento está sendo prejudicado. Isso porque temos dois tipos de empresas: as de capital nacional e as nacionais de capital estrangeiro.  A aquisição de terras por estrangeiros está causando um grande impacto porque as empresas nacionais de capital estrangeiro não podem investir como gostariam na produção.

Portal Dia de Campo – Qual a principal dica que o senhor dá para que os produtores tenham sucesso na atividade e quais os principais cuidados de manejo que eles devem ter?

Reis – Tudo começa com um bom projeto de plantio de eucalipto e de pinus feito por técnicos que exerçam a atividade e, naturalmente, cumprir o projeto corretamente, fazendo o preparo do solo, a adubação e os tratos culturais. Ainda nessa fase inicial, é importante planear o mercado para o qual a madeira colhida vai ser vendida.

Portal Dia de Campo – Se o senhor pudesse fazer um apelo ao governo em relação ao setor de florestas plantadas, qual seria?
Reis – Seria aumentar as restrições da aquisição de terras aos estrangeiros para o cultivo de florestas plantadas e para a instalação de indústrias para agregação de valor à madeira dessas florestas. O segundo pedido é de que nós possamos, no tempo correto, aprovar a revisão do Código Florestal que, certamente, irá beneficiar também o cultivo de florestas no Brasil.
Fonte: Portal Dia de Campo

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