Imagem:sindalese.org.br
Silvana Bazani
Setor madeireiro
mato-grossense mal saiu da crise enfrentada em 2004 e já entra em outra.
Fiscalização e operações tendo o segmento como alvo fez a produção retrair e
provocou o fechamento de cerca de 300 empresas. Há 5 anos a produção estadual
totalizava 4,5 milhões de metros cúbicos (m3) e movimentava R$ 11,6 milhões. A
situação só não é pior porque os produtos foram valorizados. Em 2010, após
redução média de 25% no volume produzido, que caiu para 3,6 milhões (m3), o
faturamento foi de R$ 12,6 milhões.
Nesse mesmo período,
contabilizando apenas as indústrias de madeira compensada, cerca de 300
unidades deixaram a atividade fabril. Outro indicador que confirma a retraída
da indústria madeireira no período está relacionado à geração de empregos. Em
2006, o setor respondia por 14,91% dos postos de trabalho no Estado. No ano
passado, o percentual para -2,80%, conforme dados do Sindicato das Indústrias
Madeireiras do Norte de Mato Grosso (Sindusmad), que congrega 40 municípios.
Levantamento do Centro
das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso (Cipem/MT)
aponta que o segmento emprega diretamente 30 mil pessoas. Por enquanto, a
atividade agrega cerca de 1,7 mil empresas entre marcenarias, serrarias e
laminadoras de pequeno, médio e grande portes. Neste ano, entre janeiro e
abril, a exportação de produtos da base florestal mesmo crescendo mês a mês
resultou em um volume 11,74% inferior ao do mesmo período de 2010.
Enquanto no acumulado do
primeiro quadrimestre de 2011 foram embarcados 41,981 mil (m3) que geraram US$
38,686 milhões, no ano passado chegou a 46,910 mil (m3), movimentando um
montante equivalente, de US$ 38,474 milhões. Antes da crise, em 2005, foi
desencadeada pela Polícia Federal (PF) a Operação Curupira, desarticulando o esquema
ilegal de comércio madeireiro no Estado. Para representantes do setor, a
intervenção federal permitiu às empresas que operavam regularmente voltarem a
ser competitivas, já que a comercialização ilegal resultava numa concorrência
desleal. Com a operação da PF, como recupera o presidente do Sindusmad, José
Eduardo Pinto, todas as indústrias que não estavam bem estruturadas tiveram as
atividades interrompidas.
Além disso, explica o
presidente, havia um engessamento do setor na época, decorrente da morosidade e
burocracia na liberação dos planos de manejo florestal pelos órgãos ambientais,
que dividiam as responsabilidades entre a extinta Fema e o Ibama. O problema já
havia resultado em cobranças ao governo por uma política de trabalho mais
eficiente, antes mesmo da Operação Curupira, segundo relembra Pinto. "O
setor da base florestal ansiava por uma nova sistemática de trabalho".
Posteriormente, entre
2008 e 2009, grandes empresas exportadoras de madeira laminada e compensada
paralisaram a atividade em Mato Grosso. A causa não estava relacionada à
operação da PF e sim a crise cambial, que dificultou a exportação. Somado a
isso, passaram a enfrentar a concorrência das fabricantes de MDF (Medium
Density Fiberboard), um tipo de compensado mais resistente e barato que
agradava aos marceneiros do Estado. "Uma grande quantidade dessas empresas
fecharam ou mudaram de atividade, refletindo significativamente na
produção".
Prejuízo - No ano
passado um novo impacto sobre o segmento, quando 23 indústrias madeireiras
foram total ou parcialmente destruídas num incêndio no município de
Marcelândia, no dia 11 de agosto. Dezesseis delas estavam em operação. A região
é apontada pelo Sindusmad como a segunda maior produtora do Estado, com
extração de 162,136 mil (m3) de madeira por ano. É superada apenas por União do
Sul, de onde se obtém 178,763 mil (m3). Foi contabilizado prejuízo de R$ 11,720
milhões. Em 13 delas, a perda total resultou no prejuízo de R$ 8,715 milhões.
Depois do incêndio,
alguns empresários desistiram de manter as indústrias madeireiras no município,
segundo informações do secretário de Agricultura, Indústria e Comércio, João
Alencar Simioni. "Houve bastante desemprego e evasão de moradores para
outros lugares". Ele acrescenta que algumas empresas estão tentando se
reerguer, mas há dificuldade em acessar linhas de crédito. Em Marcelândia, 75%
do território município (de 12 mil km2) ainda é recoberto por floresta nativa.
Perspectivas
- Neste cenário, o presidente do Sistema Federação das Indústrias de Mato
Grosso (Fiemt), Jandir Milan acrescenta mais uma variável que tem exigido
adaptabilidade dos empresários, a logística de transporte. "Com o problema
do frete, a produção industrial madeireira fica restrita à demanda local, de
uma população ainda muito pequena". Mas, ele vislumbra alternativas
promissoras, como a conclusão da BR 163 (que permite acesso aos portos do Norte
e aos mercados internacionais, bem como ao Sul e Sudeste) e o investimento em
madeira de reflorestamento, como a teca. "Mato Grosso já é o maior
produtor de teca e esse é um produto que vai se destacar, por causa das vendas
dos grandes magazines". A tendência, diz Milan, é que Cuiabá e Sinop se
tornem polos moveleiros.
Fonte: Juaranet.com.br
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