Com o objetivo de unir a produção
rural à conservação dos recursos naturais, o WWF-Brasil tem investido, nos
últimos meses, numa parceria inédita no município de Apuí, situado a 453
quilômetros de distância de Manaus, no Amazonas.
Desde abril deste ano, o WWF-Brasil
tem trabalhado junto ao Sindicato Rural do Sul do Amazonas (Sindisul). Criado
em 2005, o Sindisul é uma instituição jurídico-sindical que representa os
produtores rurais de Apuí. Hoje, o sindicato conta com 300 associados e possui
grande poder de influência e mobilização junto à categoria.
Nos primeiros três meses de trabalho conjunto, as duas instituições priorizaram o tema do Cadastro Ambiental Rural (CAR) – visto por ambas como uma importante ferramenta para a promoção da regularização fundiária e conservação ambiental na região.
Por isso, o WWF-Brasil promoveu um curso sobre o Cadastro Ambiental Rural (é possível ver os detalhes desta capacitaçãoaqui), apoiou ações de divulgação sobre o tema no município e ajudou na montagem de um cadastro de proprietários rurais interessados no assunto.
Trabalho de campo
Para alcançar este objetivo, foram realizadas visitas em propriedades (com registro de informações sobre os terrenos, como tamanho, largura, presença ou não de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente); divulgação em carros de som que percorriam as estradas e vicinais da zona rural de Apuí e a distribuição de material informativo. A meta inicial era ter ao menos 60 proprietários rurais cadastrados.
Até junho, esta iniciativa já havia
listado 88 propriedades rurais – e este número continua aumentando.
“Acreditamos que, por meio do CAR, o Sindisul terá uma base de dados com o
registro dos imóveis de nossos associados, nos ajudando com questões de
monitoramento, controle e planejamento”, afirmou a vice-presidente do Sindisul,
Jaqueline Ferrasso, em relatório técnico emitido no início de julho.
Jaqueline disse ainda que o Cadastro Ambiental Rural pode auxiliar na mudança de comportamento e de atitude dos produtores e criadores de gado de Apuí. “Investimos, junto aos nossos associados, em atividades menos predatórias, que respeitam a floresta em pé e que aproveitam o máximo da propriedade rural, considerando a conservação da floresta e a recuperação de áreas protegidas”, afirmou.
Perspectivas futuras
A parceria entre o WWF-Brasil e o Sindisul, ocorrida entre os meses de abril e junho, foi considerada pelos responsáveis uma experiência bem sucedida. Por isso, uma nova etapa do trabalho está prevista para ter início em novembro deste ano.
Entre as atividades que serão
realizadas nos próximos meses, estão uma assessoria técnica para o
planejamento, divulgação e implementação das outras etapas do Cadastro
Ambiental Rural em Apuí; o fortalecimento das ações de manejo florestal e a
consolidação de práticas sustentáveis na produção rural; o fortalecimento do Sindisul;
e a promoção da pecuária sustentável no município.
Para o presidente do Sindisul, Carlos Roberto Koch, a parceria com o WWF-Brasil é um passo importante para a promoção da produção sustentável no Apuí. “Nosso objetivo é ajudar o homem do campo a se regularizar nas questões ambiental e agrária”, afirmou. Segundo Koch, esta é a primeira parceria “de peso” do Sindicato – e o trabalho “ tem condições de ser um divisor de águas na história de Apuí”, segundo ele.
De acordo com o analista de conservação do WWF-Brasil, Marcelo Cortez, esta parceria com o Sindisul é muito significativa. “O Sindicato levanta a bandeira da legalidade ambiental e tem grande capilaridade e penetração junto aos produtores rurais. Este trabalho conjunto com o CAR tem um potencial de sucesso enorme, visto que os sindicalistas falam a mesma língua que os produtores e têm a preocupação de repassar todas as informações sobre o assunto”, explicou o especialista.
Entendendo o CAR
De modo bem simples, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) é o instrumento pela qual o produtor rural informa ao poder público o tamanho de sua propriedade, onde ela se localiza e que tipo de atividades ele pretende realizar ali. Essas informações devem vir embasadas tecnicamente, por meio de comprovantes de posse, memoriais descritivos, plantas e outros documentos técnicos.
A adesão ao CAR é obrigatória. Num futuro próximo, quem não estiver neste cadastro não poderá obter licenciamentos, autorizações ambientais nem conseguirá acesso a linhas de créditos em entidades públicas como a Caixa Econômica, o Banco do Brasil ou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Com as informações cedidas, o Governo
Federal passa a conhecer a região e pode mapear os imóveis rurais,
identificando Áreas de Preservação Permanente (APP’s), as áreas de Reserva
Legal (RL) e os passivos ambientais que porventura existam. Essas informações
servirão para, entre outras coisas, fazer o controle, planejamento e
monitoramento de questões ambientais. Imagens de satélite vão ajudar o Governo
a fiscalizar a veracidade das informações fornecidas.
Fonte: Carbono Brasil/WWF-Brasil
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