quinta-feira, 26 de junho de 2014

WWF-Brasil busca valorizar a borracha nativa da Amazônia

Fonte: WWF-Brasil

Reservas extrativistas garantem o meio de vida do seringueiro.
<br />© WWF-Canon(Edward Parker). Pneus, bolas, tênis, luvas domésticas, elástico... A borracha está presente em mais coisas no nosso dia a dia do que costumamos lembrar, e como é o caso da maior parte dos produtos florestais, só damos importância quando ela falta. A borracha é feita a partir do látex extraído da seringueira (Hevea brasiliensis), que hoje é encontrada em diversos países do mundo, como Malásia, Sri Lanka, boa parte da América do Sul e do continente africano tropical, mas a origem da árvore é a bacia hidrográfica do Rio Amazonas, onde existia em abundância e com exclusividade.

Uma seringueira produz em média 1,7 kg de látex por mês e 4,5 litros por ano e em cada estrada de seringa – trilha de cerca de 1 ha aberta na floresta para ter acesso às seringueiras – existem aproximadamente 100 árvores de seringa. Para que as seringueiras mantenham-se vivas e saudáveis na Amazônia, é necessário que estejam em meio à floresta. As experiências locais de monocultivo são recentes, porém nada se compara ao ambiente natural das árvores.

Como forma de ajudar a manter um bilhão de árvores em pé, garantindo a sobrevivência das seringueiras e o sustento econômico dos produtores locais, o projeto Protegendo Florestas (Sky Rainforest Rescue) – parceria entre o WWF-Brasil, WWF-Reino Unido, a rede de TV britânica Sky e o Governo do Acre – tem ajudado a melhorar as condições de mercado da borracha nativa da Amazônia, assim como de outros produtos locais, como o açaí e o pirarucu. Desta forma, as pessoas podem sobreviver sem precisar desmatar grandes áreas ou causar danos à Floresta Amazônica. Porém, dentre os principais gargalos dos produtos extrativistas, encontram-se a pequena escala de produção, a sazonalidade dos produtos, a alta qualidade exigida pela demanda – onde muitas vezes é difícil manter um padrão –, bem como a falta de mercados que entendam e saibam lidar com essas peculiaridades.

No final de março, o WWF-Brasil realizou reuniões com diversos atores que podem ser potenciais parceiros na valorização da borracha nativa do Acre, como a empresa Mercur, que deverá visitar a área do projeto em maio para elaborar um contrato de compra e venda com a Cooperativa Agroextrativista de Tarauacá. Essa estratégia visa estabelecer relações comerciais justas, onde as organizações têm autonomia e capacidade de liderar os processos diretamente com as empresas. Além disso, houve uma visita ao Centro de Tecnologia em Polímeros do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, onde foi discutida a possibilidade de elaboração de um projeto para o desenvolvimento de uma linha de produtos específicos utilizando a FDL (Folha Líquida Defumada) como matéria-prima.

Outro avanço foi a conversa com o Laboratório de Tecnologia Química da Universidade de Brasília (Lateq/UnB), que já tem estudos com cosméticos e alimentos dentro do contexto de valorização dos produtos da floresta e foi fundamental no âmbito do projeto Protegendo Florestas no desenvolvimento de tecnologias que agregam maior valor econômico à borracha amazônica (como é o caso da FDL e da Folha Semi-Artefato – FSA) e melhoram a qualidade de vida dos moradores da floresta. Alternativas tecnológicas para a diminuição do odor da borracha e melhoria da qualidade também estão sendo desenvolvidas e em breve serão disseminadas aos seringueiros. Kaline Rossi, analista de conservação do WWF-Brasil, afirma que "com a perspectiva de produção de 10 a 30 toneladas, o estabelecimento de linhas de produtos específicos e a inclusão das mulheres dentro do processo produtivo (característica forte da cadeia da FDL), o seringueiro e as comunidades garantirão sua independência e autonomia financeira nos próximos anos, além de cuidarem e manterem a floresta em pé. Essa viagem foi um importante passo nesse sentido".

Protegendo Florestas

O projeto Protegendo Florestas (Sky Rainforest Rescue) é uma parceria entre WWF-Brasil, WWF-Reino Unido, a rede britânica de TV Sky e o Governo do Acre que busca dar alternativas aos moradores locais para viver da floresta sem precisar desmatar. Desde 2009, o projeto vem desenvolvendo ações de apoio ao Sistema de Incentivos aos Serviços Ambientais do Acre (Sisa), ao Programa de Certificação Ambiental de propriedades rurais familiares, e às cadeias produtivas agroextrativistas nos municípios de Manoel Urbano, Feijó e Tarauacá, no estado do Acre. Recentemente, o projeto foi condecorado com o prêmio de melhor parceria de caridade no Business Charity Awards 2013, em Londres.

Fonte: Instituto Carbono Brasil/Fernanda Melonio

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