terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Rondônia: Falta de assistência técnica prejudica produtores de teca

“O reflorestamento praticado na Amazônia tornou-se um desafio para os utilizadores de matéria-prima florestal, visto serem incipientes os estudos e pesquisas capazes de subsidiar a adoção de procedimentos técnicos adaptados às condições regionais, bem como as experiências bem sucedidas de reflorestamento na Amazônia.
O tempo comprovou que o comportamento de algumas espécies nativas implantadas em reflorestamento não apresentou desempenho satisfatório. Muitas delas sofreram severos ataques de pragas e doenças, outras não resistiram às práticas silviculturais inadequadas, a exemplo dos reflorestamentos com mogno (Swietenia macrophylla King.) e cedro (Cedrella odorata L.), ambos fortemente atacados pela broca (Hypsipyla grandella), que destrói o ponteiro da árvore (meristema apical) promovendo um crescimento irregular do tronco e não permitindo seu aproveitamento comercial. Por outro lado, espécies exóticas, como a teca (Tectona grandis L.f.), adaptaram-se muito bem, provavelmente pelo rápido crescimento inicial e rusticidade. 
A teca, originária da Ásia, tem como principal produto, a madeira de alta qualidade, muito utilizada em móveis finos e na construção naval. O valor de mercado para a madeira de teca madura, livre de nós e com diâmetro adequado para serraria, chega a superar os valores comercializados com a espécie mogno (Swietenia macrophylla King). 
Inicialmente, os plantios de teca limitavam-se aos países da Ásia Tropical, principalmente Índia, Myanmar e Tailândia, cujo objetivo era o de compensar o esgotamento das populações naturais de teca que eram exploradas de forma predatória. Posteriormente, a teca começou a ser plantada em novas zonas tropicais, particularmente na África Ocidental, América Central e América do Sul, sobretudo no Brasil e na Costa Rica, onde os plantios são caracterizados pela elevada densidade de indivíduos e com rotações mais curtas que as praticadas no sudeste asiático.” 
As características dos cultivos de teca em Rondônia
Ao contrário dos estados de Mato Grosso, onde a teca foi introduzida no início da década de 70 e os cultivos são altamente tecnificados e produzidos em escala industrial, no estado do Acre e Rondônia e os cultivos tem características bem diferentes, são produzidos em sua grande maioria por pequenos produtores, em Rondônia especificamente a implantação teve início no começo da década de 90, estimulados por algumas empresas que viram nisso uma ótima oportunidade de negócio para captar recursos governamentais e também por indução das instituições de assistência técnica e extensão rural no estado, entre elas a Emater/RO e a Ceplac/RO.  
A produtividade da teca no estado gira em torno de 15 a 20 m3/ha/ano, valores equivalentes as principais regiões produtoras do mundo. A expectativa de rotação econômica (época de colheita) é de aproximadamente 25 anos. Este período longo parece demasiado para nosso padrão cultural de investimento de curto prazo, mas em se tratando de uma das espécies madeireiras mais valorizadas do planeta, em que o metro cúbico de uma tora de boa qualidade alcança cerca de R$2.100,00, este tempo passa a ser um fator de atratividade, visto que a previsão de colheita em algumas localidades produtoras de teca chega aos 80 anos. Desta forma, muitos produtores encaram os investimentos em teca com uma previdência verde, sua aposentadoria gerenciada dentro do imóvel rural.
Só que como acontece na maioria das vezes, as políticas governamentais para agricultura sofrem de uma doença aguda a falta de comprometimento, ou seja, mudou um governo muda tudo e nesse caso específico os pequenos produtores foram mais uma vez abandonados a própria sorte pelas referidas instituições, o resultado foi que a grande maioria deles, sem recursos técnicos e financeiros foram obrigados a abandonar os cultivos de teca, enquanto outros cortaram e queimaram a madeira e aproveitaram parte para construção de cercas, barracões, currais, etc..  Mas a maioria deles fora orientados erroneamente a plantarem a teca em sistemas agroflorestais (SAFs) para sombreamento do café e do cacau visando aumentar a rentabilidade dessas culturas, só que sem a devida assistência técnica, plantaram a teca em espaçamentos inadequados e os resultados em todo estado foram desastrosos, ou seja, esses produtores continuam amargando muitos prejuízos, primeiro porque perderam a cultura do café e do cacau o que representava para eles mais de 50% da renda das propriedades e segundo porque a cultura da teca sem acompanhamento e orientação técnica (desrama ou poda, desbaste, etc.) não tem mercado, ou seja, a teca sem os devidos tratos culturais perde o valor comercial, quando se consegue comercializar os preços pagos são muitos baixos por falta de qualidade da madeira.
                               Plantio de café morto pelo espaçamento errado com teca
As árvores cultivadas em Rondônia em sua maioria não receberam nenhuma poda que seria importante pelo menos até os primeiros 7(sete) anos de vida, muitas também não receberam desbaste o que segundo a Embrapa(AC) é de extrema importância, pois a teca é uma espécie florestal de alto valor econômico, falhas no manejo da espécie, como a ausência de desbastes e de podas, implicam em grandes perdas de renda futura, visto que o povoamento florestal vai produzir toras nas dimensões inadequadas e com nó (defeito da madeira). Isso significa uma redução do valor do metro cúbico de até 80%. Considerando, que o estado tem aproximadamente 3000 hectares de teca, o prejuízo em curso pode chegar à casa dos bilhões de reais. 
Conforme informações do pesquisador Orfanó Figueiredo, Engº. Agrônomo da Embrapa(AC) “temos uma espécie de alto valor econômico e de grande rusticidade e, que se adapta as mais distintas formas de manejo (sistemas agroflorestais, silvo-pastoreio, povoamentos puros etc.) e, que encontra condições favoráveis em alguns municípios do estado. Além disso, existe no estado áreas já desmatadas e que se encontram subutilizadas.”
Fonte: Amazonteca / AmbienteBrasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário