terça-feira, 16 de junho de 2015

A Teca em Rondônia tinha tudo para dar errado!


Plantação de teca no município de Cacoal - Rondônia
Cacoal, Rondônia – 16 de junho de 2015 – Durante as décadas de 80 e 90 milhares de pequenos agricultores chegaram em Rondônia, fomentados por programas governamentais implantaram diversas culturas, visando a expansão das fronteiras agrícolas e consequentemente o aumento da produção e da renda no campo. Entre as culturas implantadas pelos programas no estado, tivemos o cultivo do cupuaçu (Theobroma grandiflorum), cacau (Theobroma cacao), café (Coffea Arabica), pupunha (Bactris gasipaes), seringueira (Hevea brasiliensis), e teca (Tectona grandis), entre outras.

Esses programas visavam entre outras coisas a fixação pequenos agricultores na terra, o aumento da produção e a renda dos mesmos e em especial o Programa Integrado de Desenvolvimento do Noroeste do Brasil (Polonoroeste), com recursos do governo brasileiro e Banco Mundial, na década de 80, abrangeu a área de influência de Cuiabá-MT até Porto Velho-RO. No início da década de 90 foi a vez do Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia (Planafloro), financiado também com recursos do Banco Mundial e governo federal e executado pelo governo do estado de Rondônia. Marcado por diversos erros durante a sua execução, incluindo a falta de planejamento e assistência técnica aos produtores, os resultados práticos dos referidos programas foram pífios.

A proposta de implantação dos Sistemas Agroflorestais (SAFs) que previa o manejo que combinado de espécies arbóreas, frutíferas e/ou madeireiras com cultivos agrícolas e criação de animais, na prática não foram concretizadas. Foram implantados alguns projetos utilizando a espécie madeireira de origem asiática, conhecida popularmente como teca (Tectona grandis) consorciada com café e cacau. Na sua maioria os projetos foram abandonados deixando os produtores sem perspectivas de mercado para a madeira e com suas plantações de café e cacau totalmente improdutivas devido ao sombreamento da teca.

Embarque de teca para Índia (porto Itajaí-SC)
Após a falência dos diversos projetos os agricultores familiares na sua maioria, novamente incentivados pelo governo do estado, se voltaram para a pecuária extensiva de subsistência, optando pela criação de gado leiteiro e novamente sem a devida assistência técnica por parte dos órgãos governamentais o resultado é uma pecuária de baixíssima produtividade. Mesmo assim com a divulgação do potencial da teca em Rondônia nos últimos 5 anos, alguns agricultores descobriram que aquela meia dúzia de árvores plantadas lá no início da década de 90 e abandonada num canto da propriedade, mesmo sem nenhum trato cultural podia valer algum dinheiro. Principalmente com a chegada dos “gringos”, como eles chamam os estrangeiros que visitam a região atrás de madeira de teca.

A teca em Rondônia tinha tudo para dar errado, mas com o aumento gigantesco na demanda mundial por madeira nobre e a pressão sobre extração de madeira nativa na Amazônia, começa a dar certo! Claro que isso se deve a consequente descoberta da qualidade de fuste da madeira de teca de Rondônia que mesmo sem nenhum manejo e adubação produz madeira de excelente qualidade em quatro vezes menos tempo que nos países de origem e, melhores que as plantações do Mato Grosso, razão pela qual está atraindo para o estado dezenas de compradores e /ou atravessadores que compram a madeira dos pequenos produtores e as vendem para tradings em cidades como Manaus, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre e essas por sua vez exportam para países como Índia, China, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Portugal e Espanha.

Fonte: Paulo Sérgio de Oliveira - Amazonteca

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