O cultivo de teca, uma árvore originária da Ásia, aumentou 34% nos últimos cinco anos em Mato Grosso. É o que mostram os dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que aponta como justificativa para o crescimento a versatilidade da madeira, que pode ser utilizada na fabricação de pisos, móveis, painéis e também postes e estacas, por apresentar boa resistência ao sol e chuva. Além disso, a atividade pode trazer um bom lucro.
Segundo dados do anuário estatístico de 2013 da ABRAF (Associação Brasileira de Florestas Plantadas), o Brasil apresenta uma área plantada de teca (Tectona grandis) de aproximadamente 67.300 hectares, sendo que o Incremento Médio Anual gira em torno de 10 a 15 m³/ha/ano, sendo o ciclo da cultura de 20 a 25 anos.
As principais regiões produtoras do Brasil são Mato Grosso (70%), Pará e Roraima.
A produção mundial de madeira de teca é estimada em três milhões de m³/ano, o que é extremamente baixo pela demanda atual dessa espécie no mercado exterior. O desequilíbrio entre a oferta e a procura determinou a continuada valorização da madeira de teca, cujo preço registrou um ganho médio de 8,32% a.a., em dólar norte-americano, entre 1970 e 2005.
Atualmente, avalia Luiz Gustavo Martinelli Delgado, mestre em Ciência Florestal, professor e coordenador dos cursos de Gestão Ambiental e Tecnologia em Bioenergia da Faculdade Orígenes Lessa (FACOL), o preço FOB do metro cúbico de madeira de teca comercial varia de US$ 400 a US$ 3.000, dependendo da qualidade de madeira (com ou sem nós) e bitola das toras.
Dada a versatilidade da madeira de teca, Zenésio Finger calcula que a oferta não chegue a 10% de sua capacidade de demanda. “Entretanto, é importante que se diga que essa demanda é para madeira com qualidade e proveniente de plantações conduzidas em bases sustentáveis, respeitando os princípios ambientais, sociais e econômicos, sem acarretar impactos ambientais e sociais que sejam irreversíveis”, considera.
Para Luiz Gustavo, no mercado interno, a procura por madeira de teca deverá continuar ampliando por conta dos seguintes aspectos:
• Aumento do consumo, decorrente da elevação do padrão de vida nos países do Sudeste Asiático, onde o uso da teca é tradição arraigada;
• Disponibilidade decrescente das outras madeiras tropicais de qualidade, todas elas originárias da exploração da floresta natural;
• Crescente conscientização ambiental do consumidor europeu e norte-americano, preocupado com a preservação da floresta tropical;
• Mercado brasileiro que, por si, oferece um grande potencial de consumo futuro.
Os estoques de madeira de maior qualidade e valor da Amazônia, como é o caso do mogno, do cedro, da cerejeira e do freijó, foram explorados à exaustão. Também as espécies de valor secundário, como é o caso do ipê, do cumaru e da itaúba, estão com os dias contados, pois seus estoques não deverão perdurar por muito tempo. Portanto, o suprimento do mercado interno dependerá progressivamente da oferta de madeira oriunda de plantações.
Valor agregado
O principal produto desta espécie é a madeira, muito utilizada na carpintaria, na marcenaria, na produção de peças de usos nobres e de móveis finos e, especialmente, na indústria da construção naval, onde é praticamente insubstituível, pelo fato de resistir ao sol, ao calor, ao frio e à água de chuvas e do mar.
Para Luiz Gustavo, a combinação de beleza, resistência, durabilidade e rusticidade fez da madeira desta espécie uma das mais valiosas do mundo, sendo muito procurada principalmente no continente europeu, onde o preço por metro cúbico supera o do próprio mogno, embora seja cultivada apenas em regiões tropicais.
Na opinião de Zenésio Finger, doutor em Engenharia Florestal e professor da Universidade Federal de Mato Grosso, essa atividade pode trazer bons lucros, desde que o seu cultivo, em plantações puras ou em sistema silvipastoril, seja feito seguindo as orientações de um técnico treinado para essa finalidade.
Tendência
Em relação aos dados do anuário estatístico da Associação Brasileira de Florestas Plantadas (ABRAF) do ano de 2013, a espécie Tectona grandis apresentou uma leve queda de área plantada no ano de 2012 em relação a 2011. “Porém se tivermos como ano base 2010, temos um aumento da área plantada em 3% que se refere a aproximadamente 2.000 hectares”, calcula Luiz Gustavo.
Ainda segundo o especialista, para se produzir teca é preciso investir cerca de R$ 7.000,00 por hectare ao longo do ciclo de produção. O retorno do investimento pode começar a partir do quinto ano, quando são feitos os primeiros desbastes. A madeira do primeiro corte é cotada em torno de R$ 150,00 o metro cúbico no mercado.
A exploração se inicia a partir do primeiro desbaste, porém, para agregar um maior valor é necessário um período (ciclo) entre 20 e 25 anos. Analisando também o alto valor (até US$ 3000/m³) que se pode agregar a madeira em relação ao manejo adotado na condução da floresta, Luiz Gustavo conclui que a espécie Tectona grandis apresenta uma alta rentabilidade ao produtor.
Poupança garantida
O ciclo de produção deTectona grandisé de 20 a 25 anos, porém, a partir do quinto ano podem ser realizados desbastes das árvores com menor volumetria, utilizando a madeira para outras finalidades. Portanto, diz Luiz Gustavo, a partir do dessa época se inicia o retorno financeiro, lembrando que para se agregar um valor maior a madeira são necessários desbastes e desramas (manejo da floresta), visando toras de madeiras com alta volumetria e livres de nós.
Zenésio Finger afirma que a madeira mais nobre de teca é obtida a partir do segundo desbaste, quando o percentual de cerne já pode chegar 50% do volume
Este post foi publicado em Floresta em
Fonte: Revista Campo & Negócios
Nenhum comentário:
Postar um comentário