sábado, 18 de junho de 2016

Pequena empresa de Rondônia compete com gigantes do setor mundial de madeira

Descobrimos a quatro anos atrás que o segredo desse mercado é a agregação de valor ao produto final

Carregamento de teca no município de Cacoal-RO.
Cacoal, 18 de junho de 2016 - Após dez anos de atividades a Amazonteca começa a competir de igual para igual com grandes fornecedores de madeira importada, comercializando madeira beneficiada de teca a aproximadamente U$ 10 mil Dólares por m3, algo impensado até alguns anos. 

Nós entramos meio que sem querer no segmento de comercialização de madeira plantada no ano de 2005, quando compramos uma pequena plantação na região de Ouro Preto do Oeste em Rondônia, mas iniciamos as atividades somente em 2007, mas como a legislação para o setor de floresta plantada era a mesma do setor de floresta nativa, penamos durante anos, com a burocracia dos órgãos reguladores, somente com Decreto Lei no. 15.933/2011 do ex-deputado Jaques Testôni houve uma flexibilização do setor.

Passada a fase da regularização, tentamos buscar mercado, sem sucesso. O mercado interno não conhecia a teca nacional e preferia a importada pelo alto padrão de qualidade. Após três anos de tentativas e erros, resolvemos mapear, cadastrar e capacitar os produtores de teca de Rondônia para um correto manejo, um trabalho árduo e complicado pois não tínhamos recursos para esse trabalho e precisávamos visitar pelo menos 20 municípios. Aceitamos o desafio e durante dois anos realizamos esse trabalho, com foco nos municípios onde os plantios estavam mais concentrados, região de Ji-Paraná, Ouro Preto, Colorado do Oeste e Espigão d'Oeste.

Blocos de teca (exportação)
Após essa fase reiniciamos a prospecção de novos clientes para a madeira de teca local, dessa vez resolvemos utilizar a Internet para buscar clientes no mercado internacional para madeira bruta e semi bruta, ou seja, toras (logs) e blocos descascados (hough square). E em 2010 nos deparamos com compradores asiáticos e/ou seus intermediários em países europeus. Iniciamos as primeiras negociações mas devido a nossa inexperiência nesse mercado, novamente não fizemos bons negócios. 

No início de 2013 voltamos a negociar madeira beneficiada para clientes de Portugal e Alemanha, mas para atender o aumento da demanda precisamos aumentar a nossa produção, terceirizamos tudo, mas uma vez cometemos outro erro, a qualidade caiu e não conseguimos cumprir prazos acordados. Perdemos aproximadamente U$ 50 mil dólares em dinheiro e três grandes clientes europeus.

Produção de pranchas (Móveis)
Retomamos o mercado interno ainda no final de 2013, resolvemos prospectar clientes novamente no mercado interno, focando grandes construtoras, arquitetos renomados, indústria de móveis de luxo e indústria náutica, entre outros. Nesse primeiro ano conseguimos conquistar apenas um cliente, mesmo assim tivemos muita dificuldade para atendê-lo, a exigência era muito grande. Não tínhamos profissionais experientes e muito menos equipamentos adequados. Atualmente apesar da crise que serpenteia pelo país temos expandido os nossos negócios tanto no mercado interno, como no mercado internacional.

Embora haja um fator que muito nos preocupa apesar do aumento da demanda e consequentemente do grande número de compradores que chegaram ao estado nos últimos três anos, não estamos vendo os nossos produtores motivados para o cultivo de florestas plantadas, mesmo apesar das facilidades de créditos dos bancos oficiais, com taxa de juros muito boas e prazos de carências de até 15 anos para começar a pagar. Apesar da madeira de teca ter se tornado um importante item da pauta de exportação do estado, não estamos percebendo investimento governamental no setor.

Deck náutico de teca (exportação)
Eis a razão dessa pequena estória, também mostrar aos pequenos e médios produtores rurais, que a demanda por madeira cresce 20% ao ano e portanto a silvicultura ainda é um excelente negócio na região, até porque nosso solo é altamente propício para o cultivo florestal, em especial a teca (Tectona grandis) com crescimento médio na região que chegam a 18 m3/ha ano, aproximadamente 450 m3 durante ciclo de 25 anos. Considerando o valor médio pago em Rondônia, para madeira tipo exportação é de U$ 300/400,00 m3. No Brasil o mercado de teca ainda é incipiente, mas vem crescendo a passos largos apesar da crise nacional.

Nós pretendemos nos especializarmos ainda mais no segmento para atendermos a demanda crescente e as exigências do mercado. 

Texto: Paulo S. Oliveira - Diretor Comercial (Amazonteca)

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