O Pará é o primeiro estado da Amazônia a implantar
um projeto de educação que visa garantir a sustentabilidade das florestas para
as gerações futuras. “Florestabilidade”, uma iniciativa da Fundação Roberto
Marinho e do Fundo Vale, foi lançado nesta terça-feira (13), na Estação das
Docas, em Belém. O lançamento contou com a presença do presidente da Fundação,
José Roberto Marinho; do secretário Nilson Pinto, representando o governador do
Pará, de educadores; estudantes; manejadores e parceiros.
O projeto tem o objetivo de despertar vocações para
carreiras ligadas ao manejo florestal e oferecer recursos pedagógicos para
professores e técnicos da extensão rural da Amazônia, promovendo um espaço
maior de interatividade no campo. No lançamento, foi apresentado um vídeo
apresentando o “Florestabilidade” e realizado um talk show com os integrantes
do programa e a participação do ator global Sérgio Marone.
“Os jovens desde pequenos precisam se preparar para
este desafio de serem os gestores de um país que tem uma enorme floresta. O
Brasil tem cerca de 60% de sua cobertura territorial com florestas. E a gente
precisa então prepará-los com essa metodologia”, explica Andrea Margit, gerente
de Meio Ambiente da Fundação Roberto Marinho. “O paraense vai se reconhecer
nessa série, nesse material educativo e tenho certeza que a gente vai conseguir
ir muito longe, no início em 52 municípios do Pará”, afirma Andrea.
Alunos da rede pública estavam presentes no evento.
A professora Zélia Borges Freitas veio de Marabá para participar do evento. A
educadora, que trouxe os dois filhos pequenos para participar do lançamento,
espera que o projeto seja uma solução para o problema que atinge sua cidade.
“Nós temos uma preocupação muito grande. Nossa cidade tem muito lixo na margem
dos rios, necessita de um trabalho de preservação”, conta a docente. O filho,
Noé Luiz, de 10 anos, também sabe a importância de estar ali: “para que o
futuro seja melhor”, disse o garoto.
A estudante Tainá Vilhena, de 10 anos, está na expectativa pelos conhecimentos
que serão passados aos alunos das escolas públicas. “A gente vai aprender mais
sobre as nossa floresta amazônica, sobre o nosso açaí. Muitas coisas do nosso
dia a dia estão ligadas a Amazônia”, avalia a aluna.
Entre janeiro e março de 2013, serão formados mil
professores vinculados à Secretaria de Estado de Educação do Pará. “É
importante contribuir com a consciência ambiental desde cedo e a escola é o
veículo. Por outro lado, a escola tem que procurar ações e estratégias para os
alunos aprenderem algo concreto. O professor é o grande instrumento”, afirma o
secretário de educação do estado, Cláudio Cavalcanti.
O maior parceiro do projeto é a Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater). Cerca de 600 técnicos
estarão envolvidos no projeto, contribuindo com os docentes em uma troca de
experiências. O plano de manejo possibilita explorar a floresta sem devastá-la,
o importante é manter a floresta em pé.
O engenheiro agrônomo Paulo Lobato, técnico da
Emater, explica que a primeira etapa do projeto vai acontecer na região oeste
do estado, abrangendo os municípios de Santarém, Itaituba e Altamira, onde se concentram
as florestas nacionais e as maiores áreas de reserva florestal onde a Emater já
possui alguns trabalhos voltados para manejo comunitário. “O projeto vai
trabalhar a capacitação de técnicos e professores que vão trabalhar com o tema
junto a agricultores e alunos. O material usado na capacitação e usado com os
agricultores e alunos é o mesmo, não há diferença”, explica o agrônomo.
Segundo Paulo Lobato, na primeira etapa, que inicia
ainda em novembro, serão realizadas palestras técnicas e visita em campo, além
de ser implantada nas escolas e no campo a metodologia do projeto. “A ideia é
levar a necessidade de estar remanejando áreas de floresta, no sentido de
trazer renda para as famílias e preservar para as gerações futuras. Esse manejo
não é só para a madeira, tem os produtos não madeireiros como semente, folhas,
cipós, que podem ser trabalhados no manejo florestal”, afirma técnico.
“É um trabalho a longo prazo, essa primeira meta é
capacitar. Daí em diante trabalhar as expectativas, estar levando as
informações a campo para colocar em prática a metodologia. Vamos trabalhar a
organização das comunidades com vista no manejo, despertar nas crianças, dentro
de sala, o sentido da preservação”, conta ainda Paulo Lobato.
Durante oficinas, professores e extensionistas do
estado vão simular a aplicação do conteúdo em escolas e comunidades. O projeto
também chegará às escolas do Amazonas, Acre e Amapá.
Os recursos pedagógicos incluem 15 programas de televisão, 15 programas de
rádio, dois livros para os mediadores (com conteúdo sobre manejo florestal e
sugestões de planos de aula), o jogo Florestabilidade e um website interativo,
que vai conectar os participantes do projeto com oportunidades de estudos e de
trabalho em manejo florestal.
Para a extrativista Maria Margarida, da reserva
Verde Para Sempre, de Porto de Moz, o “Florestabilidade” era o que estava
faltando para incentivar e melhorar um projeto de vida na comunidade onde moram
152 pessoas e 48 famílias. “Agora a gente vê que o mundo todo ta interessado. É
importante essa formação para que o jovem não deixe o campo para ir para
acidade, o projeto traz inclusão, garante uma estabilidade”, conta Margarida.
Fonte: Remade
Nenhum comentário:
Postar um comentário