Pesquisa
revela que algumas espécies de árvores leguminosas, que fixam nitrogênio em
suas raízes através de bactérias, tem maior poder de absorção de dióxido de
carbono; descoberta pode ajudar a mensurar sumidouros de CO2 florestal
Uma nova pesquisa realizada pela Universidade Princeton
sugere que a capacidade das florestas de absorverem dióxido de carbono da
atmosfera está ligada a determinados grupos de espécies de árvores e também a
bactérias existentes nessas árvores.
Para chegar
a essa conclusão, os cientistas descobriram que as florestas, no geral,
dependem de um fertilizante natural de nitrogênio que é injetado no solo por
uma família de árvores leguminosas, que incluem feijões e ervilhas.
A partir
daí, os pesquisadores estudaram a recuperação de florestas no Panamá em terras
que foram usadas para agricultura nos últimos 300 anos. A presença das árvores
leguminosas garantiu que a floresta tivesse um rápido crescimento nos primeiros
12 anos, e, portanto, que se tornasse um sumidouro de carbono considerável.
Porções de
terra que foram avaliadas apenas 12 anos antes indicaram que a floresta havia
acumulado 40% do carbono em relação às florestas maduras, o que sugere que as
árvores leguminosas contribuíram com pelo menos metade da absorção de carbono.
Essas
florestas com leguminosas têm capacidade para armazenar 50 toneladas métricas
de dióxido de carbono por hectare, o que equivale a cerca 185 toneladas de
dióxido de carbono ou à queima de 21,28 galões de gasolina, e embora a produção
de nitrogênio no geral diminua com o passar dos anos, essas espécies fazem com
que a taxa de absorção de carbono seja até nove vezes mais rápida do que a de
árvores não leguminosas.
Esse
nitrogênio, por sua vez, se fixa nos vegetais através de uma bactéria conhecida
como rizóbio, que mora nas vagens que ficam nas raízes das árvores, em
estruturas conhecidas como nódulos radiculares. É o rizóbio que fixa o
nitrogênio da atmosfera na planta, em troca dos carboidratos que ela produz na
fotossíntese. O excesso de nitrogênio eventualmente beneficia as árvores que
estão por perto.
Com essa
conclusão, os cientistas buscam descobrir se há alguma forma de tornar a
absorção de carbono pelas árvores mais rápida. “As florestas tropicais são um
enorme sumidouro de carbono. Se as árvores pudesse apenas acrescer e armazenar
carbono, você teria um sumidouro rápido, mas se não há nitrogênio suficiente,
não há captura do carbono”, colocou Lars Hedin, coautor do estudo.
“Leguminosas
são um grupo de plantas que tem uma função valiosa, mas ninguém sabia o quanto
elas ajudavam a absorver carbono. Esse trabalho mostra que elas podem ser
essenciais, e que o nível de biodiversidade em uma floresta tropical pode
determinar o tamanho da absorção de carbono”, continuou Hedin.
Sarah
Batterman, a principal autora, acrescentou que as leguminosas podem ter um
papel muito importante na recuperação das florestas que já foram usadas como
terras agrícolas, para extração de madeira, sofreram incêndio ou outras
atividades humanas.
“Esse
estudo está mostrando que há um lugar importante para a fixação do nitrogênio
nessas áreas perturbadas. Fixadores de nitrogênio são um componente da
biodiversidade e eles são realmente importantes para a função dessas florestas,
mas não sabemos o suficiente sobre como esse grupo valioso de árvores
influencia as florestas. Embora algumas espécies possam se desenvolver nesse
distúrbio, outras estão em matas mais antigas onde podem ser sensíveis às
atividades humanas”, observou Batterman.
Por
exemplo, os pesquisadores descobriram que algumas espécies de árvores
leguminosas não contribuíam para a fixação de nitrogênio nas árvores próximas.
Algumas espécies foram mais ativas nas florestas mais novas, outras em matas de
idade média, e outras em antigas.
“Dessa
forma, a diversidade de espécies que estão presentes na floresta é realmente
essencial, porque garante que pode haver fixação de todos os períodos
diferentes de recuperação quando for necessário. Se você fosse perder uma
dessas espécies e ela for essencial para um período específico de tempo, a
fixação pode cair dramaticamente”, comentou Batterman.
Os autores
disseram ainda que a descoberta pode ajudar a saber como as mudanças climáticas
afetarão as florestas. Por exemplo, modelos de computador podem calcular o
equilíbrio do dióxido de carbono atmosférico de acordo com a taxa de absorção
das florestas, dependendo da diversidade de leguminosas.
“Essa
descoberta é realmente importante porque outros pesquisadores podem agora
colocar toda a fixação de nitrogênio em seus modelos e melhorar as previsões
sobre a absorção de carbono”, afirmou Batterman.
Fonte: Instituto Carbono Brasil
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