sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Novo estudo relaciona absorção de carbono a diversidade de árvores e bactérias

Pesquisa revela que algumas espécies de árvores leguminosas, que fixam nitrogênio em suas raízes através de bactérias, tem maior poder de absorção de dióxido de carbono; descoberta pode ajudar a mensurar sumidouros de CO2 florestal


Uma nova pesquisa realizada pela Universidade Princeton sugere que a capacidade das florestas de absorverem dióxido de carbono da atmosfera está ligada a determinados grupos de espécies de árvores e também a bactérias existentes nessas árvores.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas descobriram que as florestas, no geral, dependem de um fertilizante natural de nitrogênio que é injetado no solo por uma família de árvores leguminosas, que incluem feijões e ervilhas.

A partir daí, os pesquisadores estudaram a recuperação de florestas no Panamá em terras que foram usadas para agricultura nos últimos 300 anos. A presença das árvores leguminosas garantiu que a floresta tivesse um rápido crescimento nos primeiros 12 anos, e, portanto, que se tornasse um sumidouro de carbono considerável.

Porções de terra que foram avaliadas apenas 12 anos antes indicaram que a floresta havia acumulado 40% do carbono em relação às florestas maduras, o que sugere que as árvores leguminosas contribuíram com pelo menos metade da absorção de carbono.

Essas florestas com leguminosas têm capacidade para armazenar 50 toneladas métricas de dióxido de carbono por hectare, o que equivale a cerca 185 toneladas de dióxido de carbono ou à queima de 21,28 galões de gasolina, e embora a produção de nitrogênio no geral diminua com o passar dos anos, essas espécies fazem com que a taxa de absorção de carbono seja até nove vezes mais rápida do que a de árvores não leguminosas.

Esse nitrogênio, por sua vez, se fixa nos vegetais através de uma bactéria conhecida como rizóbio, que mora nas vagens que ficam nas raízes das árvores, em estruturas conhecidas como nódulos radiculares. É o rizóbio que fixa o nitrogênio da atmosfera na planta, em troca dos carboidratos que ela produz na fotossíntese. O excesso de nitrogênio eventualmente beneficia as árvores que estão por perto.

Com essa conclusão, os cientistas buscam descobrir se há alguma forma de tornar a absorção de carbono pelas árvores mais rápida. “As florestas tropicais são um enorme sumidouro de carbono. Se as árvores pudesse apenas acrescer e armazenar carbono, você teria um sumidouro rápido, mas se não há nitrogênio suficiente, não há captura do carbono”, colocou Lars Hedin, coautor do estudo.

“Leguminosas são um grupo de plantas que tem uma função valiosa, mas ninguém sabia o quanto elas ajudavam a absorver carbono. Esse trabalho mostra que elas podem ser essenciais, e que o nível de biodiversidade em uma floresta tropical pode determinar o tamanho da absorção de carbono”, continuou Hedin.

Sarah Batterman, a principal autora, acrescentou que as leguminosas podem ter um papel muito importante na recuperação das florestas que já foram usadas como terras agrícolas, para extração de madeira, sofreram incêndio ou outras atividades humanas.

“Esse estudo está mostrando que há um lugar importante para a fixação do nitrogênio nessas áreas perturbadas. Fixadores de nitrogênio são um componente da biodiversidade e eles são realmente importantes para a função dessas florestas, mas não sabemos o suficiente sobre como esse grupo valioso de árvores influencia as florestas. Embora algumas espécies possam se desenvolver nesse distúrbio, outras estão em matas mais antigas onde podem ser sensíveis às atividades humanas”, observou Batterman.

Por exemplo, os pesquisadores descobriram que algumas espécies de árvores leguminosas não contribuíam para a fixação de nitrogênio nas árvores próximas. Algumas espécies foram mais ativas nas florestas mais novas, outras em matas de idade média, e outras em antigas.

“Dessa forma, a diversidade de espécies que estão presentes na floresta é realmente essencial, porque garante que pode haver fixação de todos os períodos diferentes de recuperação quando for necessário. Se você fosse perder uma dessas espécies e ela for essencial para um período específico de tempo, a fixação pode cair dramaticamente”, comentou Batterman.

Os autores disseram ainda que a descoberta pode ajudar a saber como as mudanças climáticas afetarão as florestas. Por exemplo, modelos de computador podem calcular o equilíbrio do dióxido de carbono atmosférico de acordo com a taxa de absorção das florestas, dependendo da diversidade de leguminosas.

“Essa descoberta é realmente importante porque outros pesquisadores podem agora colocar toda a fixação de nitrogênio em seus modelos e melhorar as previsões sobre a absorção de carbono”, afirmou Batterman.

Fonte: Instituto Carbono Brasil

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